sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Agonia



Não diminui.
Estranho essa mulher me cercando. Há dias e dias e dias. Não pára de escorrer sangue de mim. Não se sabe o que dizer. Não chega a ser um problema muito prático. O medo já foi tema de todos e sempre há de ser até um dia em que não teremos mais medo, mas aí já estará acabado. Tem um cheiro acre nos meus dedos vermelhos. Descobri que a metódica sou eu. Será que existe algum animal que com sua força poderia sair dali, mas não sai por simples prazer de ficar à beira da morte? Deito-me nas tuas mãos, ó perversidade. Não tenho como escapar quando ela me cerca feito aranha enrolando a mosca com as patas.

Noite intranqüila por mais que eu tente, dezembro 2006.

Morte


A velhinha chegou e disse: Quero me casar, mas ninguém quer casar comigo.
Eu puxei uma nuvem do bolso e soprei no meio do Banco e os bancários todos deram espaço para aquela nuvem que não tinha porquê. A velhinha dançou na nuvem e um véu da voz de Deus pousou na cabeça branquinha dela.
E cantamos.

Verônica, enxergando tudo verde.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Nirvana



Quando meter meta com força. Quando puder mude tudo de lugar. Mude o ritmo. Troque a posição das mãos. Mantenha.Lamba.Mantenha. Não cuspa, a não ser que eu já esteja encharcada. Não diga nada carinhoso. Se não puder falar coisas sujas com classe, fique calado. Respire. Não tenha medo de me machucar. Quando enfiar, enfie com força. O que acho desprezível é o que mais amo. Ou me trate como uma vagabunda ou me trate como uma rainha. Não fique no meio termo. O meio termo é meu fim. Não desejo manter você aí. Quando levantar no dia seguinte, ou beije desejando ou beije amando. Não me beije morno. Não desejo manter você aí.


Dirty Diana, 08/12/2006, final de dia feliz.

Limpa



Feliz ou triste não importa muito, contanto que eu esteja tranqüila. Quero só ficar quieta.

Verônica.

domingo, 25 de novembro de 2012

Breguinha


Não consigo exprimir em palavras, a não ser que eu pudesse cantar através da folha. Eu vejo os olhos grandes dele e a voz preta entra pela pele e atinge um lugar de pluma que não sei dizer.
Não sei o que dizer, faria uma rima brega bem feliz...

Tarde limpa em Laranjeiras. 02/12/2006.

A sssssssaagrrrrraaaaada.


T3ê tem qu4.
Els trê. Tds
trs.
Dan ços trê.
Ele ela ele.

Verônica, sem saber o que fazer.

Grades



Quando ouviu a voz dele pulou da cadeira. Não o corpo todo, só os ombros e o sorriso que fugia pela sua boca. Não conseguia parar de sorrir. Inclusive sabia que era um absurdo e blá blá blá. O fato é que estava feliz, fantasticamente feliz porque alguém lhe causava aquilo. Porque ele falava delícia se referindo a ela. E ela podia sentir todas as sílabas da palavra escorrendo pela sua perna. Bas-tan-te interessante por trás das grades.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ébano


Estava no meio da boca. Estava dizendo: Eu queria muito ver aquele sor... Ficou assim aberta no meio da palavra. Sorriu com os cantos da boca e com o meio também, com todos os dentes. Foi caminhando na direção dele sem perceber, porque na verdade estava observando de fora, de muito longe, ele caminhando todo faceiro, com aquele sorr... de dono no rosto. “quero ser sua”- queria dizer, mas não dizia ; dançava numa nuvem.
? Tu vai se esconder como pra não te envolver de novo?Soprava a nuvem de vento.
Soprava a nuvem de vento
Chorava a nuvem de vento
Dormia a nuvem.
Diabo dessa nuvem que não dorme.
Não tem significado, posso até me culpar um sentido, que há um sentido óbvio. Não consigo fazer com que signifique para mim.Estava sempre muito confusa quando se tratava de. A nuvem lhe cortava o cérebro para evitar de contar-lhe tudo.

Veemência-camadas.



Não.

Verônica

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pulinho


Não consigo pensardoicabeçamuito. Perfeita não é uma palavra perfeita. Acho que pitanga é uma palavra perfeita. Pitanga, Girimum e amendoim. Zodíaco, desejo, delícia, livre, noite, lmagia, mágica, imagem, cheiro, cheiro grande, sonoros, sensores desejo, Dantchenco e Nemirovith, lua de mel no feno, sagrado, velado Billie, viola, mar. MAR. Enigmática, suntuosa, raiz deusa, musa, mú-si-ca, doida, amiga, ator, corpo, salutérrimo, inenarrável, pedrinha, bolinha de sabão, acesso, acesso, hum... delícia.

Noite densa e leve. Novembro, 2006

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ego


Amassava morangos com cuspe. Apalpava com muita lentidão e asco do tubo. Cuspiu, amarrou a trança no pescoço e enlouqueceu gritando. Se pudesse matá-la faria lentamente, violentamente e definitivamente. Inferno.

Dirty Diana

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dentro



Eu e ela sempre fomos uma fumaça embaçada, ela e eu sempre tão soltas quanto presas uma à outra e uma da outra. Tudo sempre ficou meio turvo porque eu, desde que me entendo por gente, estava no meio da queda d´agua entre os dois. Se cada um é para o outro o que doou, então o amor sem dúvida estará ali, todo rasgado e firme.
Toda a revolução está na minha voz, na minha mente me paralisando torta, muitas vezes. Eu fico em dúvida onde nasceu, lá ou cá. Mas não estou disposta a escavar isso loucamente. Acho que eu não conseguiria desembaralhar tudo isso. Eu fico feliz com o arco-íris. Eu estou dentro dele, onde for. Eu vejo vultos pela casa do que era, do que poderia ter sido e do que é.

domingo, 28 de outubro de 2012

Manchado


Você cortou os pulsos e desceu ensangüentado. O seu sangue ainda está escorrendo em mim. Tenho umas presas verdes bem brilhosas caindo de meus cabelos.
Someone on the dark.
(Esquecia e lembrava de qualquer pureza de um dia deles. A melhor coisa da vida: estar com ele, sentados na ponte no meio do mar, trocando pelo sol olhares e toques de amor).
Hoje tem uma mancha no meu sol. Uma manchinha linda branca. Mas o resto, de que cor ficou?
Você sempre me curou de todas as dores, exceto da que me causava.

Dirty Diana, noite de música triste, outubro 2006.

sábado, 27 de outubro de 2012

Pequeno conto do amor perdido


Não entendia porque sempre crescia mais pele. Uma pele ia caindo sobre a outra formando uma cascata. Não sabia que gosto tinha, mas sentia o cheiro.
Gostava.
Esfregava no nariz os dedos para sentir o cheiro. Bonito não era, mas era forte. Tão forte que algumas vezes até parecia bonito. Não sabia onde ele estava hoje. Não se importava tanto. Parecia que tinha uma obrigação de se importar, mas no fundo nem ligava, estava sentindo o cheiro. Será que algum dia a pele ia parar de cair?

Madrugada quente no Rio, outubro de 2006.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Só isso.


Só isso, apenas isso: estava fazendo.
Chegava de madrugada porque estava fazendo. Deixava o cabelo feio e despenteado porque estava mostrando. Ouvia música sempre, mesmo quando fazia no silêncio ou com muito barulho. A frutinha ficou completamente esmagada.
Não pensou em mais nada. Acabou.

Dia claro, outubro de 2006.

Observo a vida de fora.



Não se comunicava. Não pretendia interagir com os outros seres humanos. Ela poderia fechar as portas, por favor? Eu poderia me trancar no grito insano que sai da outra sala. Inumano-humano-todos-nós. Eu caminho cheio de ondas de panos coloridos. Estou muito bem trancafiada em mim. Em momentos assim gostaria de correr. A arte não deixa de deturpar nossa alma. É uma forma de mostrá-la em fragmentos. Sentia sua alma toda misturada não sabia de quê. A caneta soltava tinta. A tinta grudava em seus dedos e os deixava sujos. Ela os esfregava no nariz para que ficassem limpos. É possível. Não falava sobre nada.
Não sou uma alma boa. Não sou ninguém.

Noite, agosto 2006.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pequeno Conto de Decepção


Podia escrever sobre ele entrando pela janela meio leso. Falar que ele entrou sem um beijo, sem um único toque, quase como se estivesse fazendo um favor. Ficou apoderado do quarto dela, ele todo de lama. Ela fechava as portas e as janelas e ele expelia pus. Estava tudo enlameado e ainda assim ela se injetou na veia para ficar lesa também. Deitou e o abraçou, mas ele era de lama. Para evitar que ele se desmanchasse ela o engoliu e morreu.
Noite fria, setembro de 2006.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Absurda (o)


Cresceu no velório. Navegou numa poça de sangue. Subiu com as baratas até o topo, nem caiu, ficou lá pulando, depois desceu intediada (o). El sabe que é com e - entediada, mas escreve errado para chatear. É capaz de fazer assim: [intediada] Hhaushaushashauaahuaha. Ri com linguagem de internet porque cansou de ter que ser. O mundo todo deveria ser.
A... mão... casou.
Isso passa, as mãos se dão e vão a segunditos pequeninitos de tempo. Agora sim, cansou a mão.
Criou um codinome porque não poderia ficar sem assinar. Ele sempre assina.

Dirty Diana.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Enfim, a coragem.

É assim, eu estou num momento de aprender a divulgar meus trabalhos,  tendo isso em vista, em 2006/2007 eu escrevi um livro que deu origem a uma peça chamada Fragmento.ponto.alma, essa peça foi minha estréia como atriz profissional, junto com meu grupo e ela me gerou  apresentações em 2008 ( Curitiba), 2009 e 2011 ( Rio de Janeiro). Agora eu vou publicar aqui o livro, são pequenos contos e longas poesias. Você pode ler e se gostar, mostrar pra quem você quiser. Tenho dito e muito beijos. Ele começa assim ó:


Fragmento.ponto.alma


Pequeno Conto do Desejo

Encostou-se a ele inteiro na porta, cada desejo do seu corpo derretendo em bolinhas de suor. Tomou ácido com a língua e depois recebeu dos lábios dele o selo da dor. Ele a conduziu delicadamente pela sala no meio dos abutres e a protegeu de longe. Ela sentiu as próprias pernas macias e escorregou pelo colo dele e os cheiros e sabores pareciam concentrar-se exatamente ali. Dentro do abraço dele, feito uma criança indefesa protegida por aquele tão louco quanto ela, finalmente um mais forte que ela. O ácido a fez ver o desejo cheio de maciez. Quando o beijo veio novamente, eles tocaram as línguas e o abismo se abriu convidativo. De olhos fechados se viu caindo em espuma grossa e fofa, mas havia um grito de dor. “Não, eu não posso”, ela disse muito mais pra si do que para ele e fugiu.

Noite de setembro-tédio, domingo parado, sem violão. 2006.



terça-feira, 12 de junho de 2012

Namorados

         Minha avó foi abandonada com 8 filhos. Ela nunca mais se deixou apaixonar por outro homem. Contam pra mim a história do dia que ela entendeu que ele não voltaria, foi uma noite em que ela ficou na calçada sozinha esperando, esperando, esperando... sentada imóvel numa cadeira com olhos vidrados no lugar de onde ele viria. Mas amanheceu e ele nunca mais voltou. Então ela entrou em casa sem dizer nada e no dia seguinte começou a viajar pra vender confecção pra sustentar os filhos e a si mesma. O que acho mais estranho sobre a minha avó é a alegria que ela mantém até hoje. Ela faz questão de ser feliz, mesmo tendo sido ferida de maneira irremediável. Digo irremediável porque ela tinha uns 30 anos quando o amor em forma de homem saiu da vida dela. E  vejo fotos, ela era linda, linda...
         Eu, por minha parte abandonei tudo pelas luzes da ribalta. Em relação a isso eu não sou solidária nem no câncer. Eu pensei quando criança que nenhum homem me amaria pois era feia e mulheres feias dançam sozinhas. Mas estranhamente, mesmo feia, eu sempre tive todos os homens que quis. Hoje eu que tenho 30 e sou minha avó em dois empregos, das 9h da manhã até as 2h da madrugada. Eu não tenho filhos. Eu tenho amigos. Eu não tenho nada, eu tenho essa alegria magoada de ser eu mesma. Eu tenho um baú imaginário de saudades. Eu não tenho família, eu faço parte de uma quadrilha. A quadrilha da Ribalta. E todos os dias quando as luzes são acesas e eu estou ali, penso: será que tem um amor por aí pra mim? Porque de amar sozinha, ah de amar sozinha já basta.
        Eu sou minha avó sentada na calçada olhando fixamente para o horizonte e olha! Olha! Ele vem, eu consigo ver lá longe a silhueta dele,  ele vem de chapéu, calça de linho, ele vem perfumado e quando me olha... a aurora brilha e cega,  nós sorrimos pois tudo, tudo está bem agora.
       


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dois.


Duas folhas na flor
o sorriso escasso se esparramando na sopa
que era o mar
tranquilo
tranquilo
O grande vício a dois
a tranquilidade
a brisa
chuva fina pequena
tudo bem
e uma alma penada
correndo em silêncio por dentro da casa
e a poetisa, cadê?
fizeram o quê com a tua terrinha?
fizeram o quê com o teu lugar?
E esses dois?
Dois é bom
Dois conjuga/integra/alivia
Dois derrete
esquenta e esfria
Dois é o sol e a lua no céu
areia
areia
vários corações no anel
que tu me destes
era vidro
era não
quem disse que a paixão
não é sentimento
fugiu do sentimento dela
fraco demais
pra se apaixonar por ela.

sábado, 28 de abril de 2012

A frase da infância

     Era um corte, chamava-se assim, o corte, em Independência mesmo, um corte no meio da cidade, depois da praca, foi lá que ela me disse isso, foi lá que ela me tratou assim, e saí correndo porque eu gostava muito dela e em casa meu pai correu atrás:
     - O que foi? O que foi?
     E quando contei ele disse:
     - A verdade dói,  não é?  
     - Porque não gosto de gente espelcute que nem você! Não gosto de gente amostrada e é isso que você é.
         Ah, toca Raul! E ainda tenho que ouvir discussões sobre os 30 anos. Os 30 anos meu amor eu vou te dizer, é quando você pensa, ai meu Deus agora eu tenho que correr, eu tenho que usar meu cérebro, meu corpo, minha alma, ai meu Deus, meus 30 aninhos amém ( com um coro atrás, romano, sabe, romano que eu sou do teatro tá meu amor, do teatro!) e também não estou nem aí pro funk e pro forró, to aqui loira e japonesa subindo no meu salto marrom, o dia que comprei esse salto eu tava tão feliz meu bem, eu tava radiante sabe, eu brilhava a cada passo, ele foi comigo, tava lindo, lindo. Hoje não, hoje eu to mais pra outro lado, "essa cegueira seletiva tão blazê é de lascar, ainda vai te apresentar o chão! " eu to mais assim sabe meu amor, essa coisa de passos de tango, é forte, sensual e cheio de paixão, mas tem uma tristeza de pneumotorax.
       

quinta-feira, 29 de março de 2012

Poesia atroz

E agora, você me ama?
Sim, mas amo ela mais.
E agora você me ama?
Eu gosto de ti.
Os sofrimentos do Jovem Werther
I´ts complicate
like girl gone wild
hey ei ei
ai meu pulmão foi partido em dois
eu sou metade
pois eu sou esse quadro vermelho da cor do meu sangue
terão o meu sangue só no fim
Alguma lesão grave Doutor?
Você tem hipersensibilidade na garganta
você não pode cantar
cadê aquele cigarro?
you need die for me baby
E aqui é sujo?
Claro que não, mas lá é mais limpo.
Todos iguais, todos iguais, mas uns mais iguais que os outros.
Acho que se regenerou sozinho
meu filho será médico
ai coisa mais linda desse mundo
te amo
eu morreria por você
mas deu uma morrida, pelo menos uns trinta segundos.

Penélope, doravante louca imperatriz de Dêsdemona.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Burca

Bom, isso é pelo dia da mulher:
          "Me botaram uma burca  e eu não podia fazer nada, eu não podia olhar as pessoas na rua, nem mostrar meu cabelo, e eu imaginava penteados, gente louca com cabelos coloridos, e eu vendo o mundo através de véu, com dois olhinhos pequenos e infames, e eu tava feliz de não ter que ser julgada caloricamente diariamente".
          Que piada! Quem justifica essa violência com a opressão ocidental pela beleza? Prefiro isso. Prefiro ser oprimida pela beleza. Que eu me faça bela, que me queiram bela porque isso pelo menos me dá uma margem de liberdade, no sentido de vou enlouquecer botoxada ou vou envelhecer naturalmente? Estou de burca ocidental. Estou confortável agora pela primeira vez nesse dia desde que acordei. Eu e minha burca. Me deram uma missão quando eu nasci: case. Depois me cobraram por isso durante a vida. Sei que algumas pessoas sempre me cobrarão. Como me cobrarão outras coisas que talvez eu deva.  Mas eu sou a única dona do meu corpo e da minha vontade.
         Eu te roubo, eu sou uma cigana, se eu estiver com frio, levo o teu casaco. E ninguém pode me apedrejar, nem me estuprar, nem me bater, nem me ofender fundado no argumento que traí. O ser humano é um traidor. O meu país ocidental está cheio de dementes que praticam crimes diariamente contra a mulher, no interior onde a impunidade reina, nas capitais as manchetes de jornais estão repletas de exemplos bárbaros e machistas. Por mim um assassinato que corta uma mulher e joga pros cachorros devia morrer. Ter uma excessão pra pena de morte, além do caso de guerra. E eu nao jogaria o corpo dele pros cachorros não porque os bichos  não merecem comer porcaria.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Maria Diocleciana, Edileusa Cotonete e a torta de limão

Edileusa Cotonete por sua vez estava roubando uma torta quando Maria Diocleciana chegou para conversar.
- O que devo fazer?
- Não sei, vamos comer essa torta e beber.
- De quem é esta torta?
- É minha,  vamos embora daqui.
- Se é sua porque você está pendurada no muro com ela na mão?
- Porque sou louca, gosto de fazer shows com tortas nos muros das pessoas- disse isso e jogou os cabelos para trás.
Entraram na casa de Edileusa que logo ligou os ventiladores e trouxe uma faca, dois copos e cachaça.
- Bebe.
Maria Diocleciana enchia o copo e virava como se fosse água.
- Vamos ter problemas por causa dessa torta?
- Ai maldição você não veio aqui pra pedir conselho?
- Acho que vou embora. Não quero mais conselho não, já sei o que vou fazer.
- Ah é? E o que será?
- Vou embora e nunca mais verei Deodoro.
- Edileuzaaaaa! Edileuzaaaaaa!
- Estão chamando por você, ou deve ser pela torta.
- Maldição! Maldição!
- Quer que eu chame os ratos?
- Não querida eu sei me virar. Além disso tenho pavor daqueles bichos.
Foi pra janela a berrar:
- Plebeus! Plebeus! Subam e comam da minha torta de limão, subam, fartem-se.
- Vou beber mais. Não quero ver pessoas agora.
- Subam, comam a minha torta de limão plebeus!
- Você já tá é beba!
- Só vou te dizer uma coisa: come essa torta que você vai saber o que fazer.
Maria Diocleciana muito desconfiada comeu um pedaço da torta que parecia um pedaço de nuvem e esperou pela solução junto com o sabor, mas nada aconteceu e ela foi ficando agoniada e estranha por causa da textura que derretia na boca e isso lembrou Deodoro e ela foi ficando vesga e achou melhor parar.
- Essa torta tem alguma coisa Edileusa!
Edileusa Cotonete não ouvia mais nada. Berrava na janela como se fosse Evita e jogava os cabelos a cada chamado. Aos poucos os vizinhos foram subindo o que apavorou Maria Diocleciana que saiu de lá bêbada e pensando no sabor da torta sem solução.

Adeus, viúva morta

Viúva morta, segue de preto cabelo escovado passa água de colônia passa batom vermelho ou violeta viúva morta, eu não te amo viúva m...