terça-feira, 30 de abril de 2013

As Mínimas coisas que se passam dentro de você: Dedicado a Celina Sodré



Quando ela chegou, lhe acorrentaram e disseram:
È importante o cd ser desligado no exato momento em que acaba aquela música que você não vive sem e começa aquela outra música que você considera insuportável. Para não te causar nenhum desprazer. As pastas tem que estar todas limpas, novas, e pretas. Se você tivesse dinheiro compraria as melhores e milhões de adesivos, mas você não tem, então faça parecer sóbrio, nada de faniquitos. Você não pode caminhar um quarteirão, se você tiver um real no bolso, use para o seu prazer. Não, você jamais faria outra dançarina. Você escova o dente toda vez que come, a não ser que esteja sozinha e vá dormir e esteja bêbada, e mesmo assim você escova. Ou tenha bala e coca-cola e você esteja muito confiante. Você absolutamente não pode passar por isso. Fotos você tira sempre porque gostaria de aprisionar o tempo. Você escreve compulsivamente num diário. Não consegue dormir se estiver com alguma angústia e não escrever. Morre e não dorme. Não lhe é permitido sonhar com casamento, príncipes encantados, mulheres perfeitas, filmes de terror, ou de espíritos. Não, absolutamente você não pode viver sem música. Os cds devem ser guardados, todos eles, até aquele que aparecer na sala quando você estiver atrasada para o trabalho. Você não pode ficar sem seu quarto. Você absolutamente não tem estrutura para se dividir 24 horas por dia. Nem com Deus. Você é exagerada e dramática. Acostume-se com a frase. Você pode viajar oito horas por amor, mas não pode ficar um minuto quando não funcionar. Volte no mesmo instante. Corra. Para não ter nenhuma dor. Dor você não agüenta bem. Não suporta bem. E não queremos ser essas pessoas insuportáveis, que vivem com pena se si. Você aprende com precisão, aquele passo em que estiver insegura e alguém disser “mas esse você não consegue”. Você estuda, nem que seja em segredo. Talvez nunca fique bom e você nunca mostre. Você não pode ter o guarda-roupa arrumado porque todas as vezes que você sai, o bagunça novamente. Não, você não pode errar. Você não gosta dos vaqueiros na estante, mas usa sempre porque representam a amizade e a sua terra. E o Daniel vai reclamar. Você não pode ter ex-namorado com razão. Toda vez que isso acontece, você destrói logo tudo, pra se sair bem na maldade também. Não, ninguém pode falar alto com você. A não ser é claro que você o respeite o suficiente. O cabelo tem que estar bonito. Você pode aguentar um ano feia. Com produtos de cabelo você pode gastar dinheiro. Livros. Cds. Bandeira verde. A não ser que realmente não tenha nem o da volta. E com comida também, não interessa. Para o seu prazer imediato. Claro, você não aceita bem as mudanças que não são causadas por você. Limpa, sem manias, de família. Covarde. É importante ter alguma coisa suja sempre. Você sempre pode estar errada, é um fato e você só o aceita porque absolutamente sabe que é um fato. Você não precisa ser a melhor quando você ama as pessoas. E elas obviamente amam você. Pois sem reciprocidade não há negociação. Fotos você tira sempre porque gostaria de aprisionar o tempo. Reciprocidade. Você sempre sonha com uma banda de rock e um palco com milhões de pessoas nem que seja por sonhar. Sonhar é permitido. Você ouve a Elis e tem esperança. Você absolutamente não pode pensar nas coisas tristes, não pode deixar que elas tomem espaço do teu dia, que teu dia é teu tempo, e teu tempo é curto. Quando acontece algo inevitável feito o amor que não obedece a seu ninguém, você me dá pena. E nós sabemos como pena é uma palavra detestável. Você fica marcada e jamais se joga de novo. A não ser que seja forçada a, e então dá o melhor de si, mesmo que morra. Você olha para cima, para o céu, para o que ainda tem que ir buscar, para o que está faltando. Você sempre quer tudo. Não, não vai ter tudo e está proibida de pensar sobre isso também. Você dá sempre um jeito de tornar as situações mais confortáveis, nem que seja com um disck-man. Você aceita desafios monstruosos com a maior felicifelicidadedade. Você aceita as opiniões cada vez mais, só porque sabe que só tem a ganhar com isso, porque já experimentou. Seus motivos são sempre egoístas. O que você não sabe e tem a ver com o que você quer, você vai atrás de descobrir. Se não for algo que valha a pena o esforço, você não faz. Você não tem absolutamente problema em fazer esforço, a questão é a reciprocidade. O chaveiro demorando a abrir, irrita você. Procurar coisas irrita você. Esperar IRRITA você. Por isso ou você é pontual ou chega depois, nunca o tipo de pessoa que chega antes, a não ser que você esteja com medo. Música ruim irrita você. O som das pessoas dizendo que se trata de música irrita você. Bons filmes, livros longos, curtinhos, cheiro de livro novo, revistinhas em quadrinhos, musicais, natureza, tardinha de praia, roda de amigos, comidinha, sexo com desconhecidos e delírios. Claro que você bebe, é para seu bel prazer. Sempre que claro você sabe do que te espera no outro dia. Se perde algo importante, como diria a Phoebe de Fassbinder “então tu tá fudido”. Aqui no ponto da permissão faço vazio. Que ninguém se expõe auto - impiedosamente assim. Não você absolutamente não vive sem janelas. Pelo menos uma. Você adora a palavra absolutamente e quase nunca pode usar. Você não gosta de viver se justificando. Você pode dormir em qualquer lugar. Você não consegue dormir na claridade. As janelas precisam ter cortinas, para momentos assim. Você nunca pode esquecer o dinheiro, a carteira, os óculos, a chave, as pilhas, o disck-man e de trocar o fone. Você não pode odiar ninguém porque é uma perda de tempo odiar. Pode desejar a morte de algumas pessoas, mas nada grave. A morte é uma coisa boa, é mudança. Piadas você se permite de arriscar. Em algum dado momento acredito que você se tornará autofágica e se engolirá.
Verônica.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Chão



Deitada no chão
caindo debaixo do mar
ventando feito demônio
o precipício se fechando cada vez mais
no silêncio
minha alma dentro de uma caixa de sabão
se esgueirando feito cobra, chorando.
Tristeza filha da puta apoderada de mim.

A aventureira



Jogou-se do penhasco, ouviu o barulho da polícia lá em baixo, feito abutre.
Interprete como quiser. Que todo mundo é livre. Todo mundo é livre pelo amor de Deus.
Não conseguia ficar em lugar nenhum. Misturou tudo por dentro. Uma delícia por dentro.

Diana lokona, dezembro 2006.


sábado, 6 de abril de 2013

E Hoje, a eterna dúvida



O desejo nunca é seco, é sempre molhado e doce, mesmo que não seja.
A carência de sentido lhe anima. Quando fica assim feito bicho, só música acalma. Música e triste céu. Para ela conseguir chorar a profundidade da vida. Ela não consegue sempre e espera que nunca saibam suas razões.
Acontecia de novo e tudo morria no outro dia. O todo volta a um minuto antes em play black imediato. “Eu vi a cara da morte e ela estava viva”.
DOR Quando você foge de mim é tão nítido. E me dói tanto que você fuja. Fica doendo.
Normalmente fugia antes, mas algumas vezes fugia um segundo depois. Essas eram as piores porque aí percebia que nunca tinha fugido, que nunca realmente conseguia fugir. Manteve tudo camuflado. Se pudesse pulava sobre ele, lambia. Deslizava nua pelo corpo todo suado dele de tanto machucar o dela. O Dele. Dela. Sentia que tudo saia de controle, nem sempre controlava tudo. Estava com sons de violinos e guitarras elétricas e o toque dele lhe embaçando toda. Não podia chegar perto demais. Algumas vezes não sabia se estava enganado a si para o bem ou para o mal.

Noite triste, dezembro de 2006.

Adeus, viúva morta

Viúva morta, segue de preto cabelo escovado passa água de colônia passa batom vermelho ou violeta viúva morta, eu não te amo viúva m...