quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Disponibilidade

De uma disponibilidade incrível. Querendo criar algo que não vem de jeito nenhum. Com as costas cansadas, os dedos pregados um num outro feito uma pata. Nada aconteceu. Não passei, tenho dívidas negociáveis com uma terceirizada. Também estou devendo à operadora de telefone. Meus chegues sendo devolvidos, o café é italiano. Tenho um roteiro, onde ele está? Solta meu cérebro, solta pra mim. Nada. Pensando seriamente em voltar a dar um pouco de trabalho em casa, porque na casa dos outros já está ficando complicado. Sonhando com pessoas amadas que há muito não fazem mais parte do contexto. Não há o que fazer e tudo me dá preguiça. E o amor? Anda em rotina, entorpecido em diárias. Um acolhedor cubículo 2 x 2 serve para me confrontar imediatamente com a realidade, eu, que sempre preferi a fantasia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Edileusa Cotonete e Maria Diocleciana se encontram

Edileusa Cotonete gosta de ler com a geladeira aberta. Ela vai nua, puxa uma preguiçosa e deita na frente da geladeira aberta. Gosta de ler quadrinhos Marvel e usa uns óculos imensos para onde quer que vá, pois tem um certo asco da sociedade. Edileusa não teve peitos com facilidade não querida, ela pagou cada miligrama de silicone e quer mantê-los sob a proteção do ar refrigerado. Mas ela hoje teve que esquecer seu momento de diva na geladeira porque sabe que aquela manca horrorosa vai aparecer a qualquer momento pra questioná-la e ai ! Hoje não, Edileusa não está afim. Quando a porta se abriu e veio aquele vento Edileusa Cotonete ficou observando divertida enquanto Maria Diocleciana esperava sem nem avançar pela porta. Claro, que lindo, essa manca ainda por cima quer se passar por esperta. Maria Diocleciana calmamente pegou seus ratos de estimação com rodas e deu um sinal com a língua. Os ratos entraram pela porta de Edileusa Cotonete que obviamente tem horror a bichos peludos de olhos vermelhos com rabos de couro e doenças cardiovasculares.
- Alto lá. Tira esses ratos daqui Maria Diocleciana!
- Então você precisa aparecer aqui fora pra me responder.
- Não saio sem estar montada querida, entra logo que vou desligar o ventilador. Ai que vida sem glamour.
Maria Diocleciana terminou de tomar o café todo. Engoliu os ovos e lançou:
- Por que não Mariana? Eu poderia me chamar Mariana com tranquilidade. Ou Ana. Por que Maria Diocleciana?
- O que mata é o Diocleciana né?
- É demais. Eu tenho vontade de matar pessoas.
- Mas o seu nome é travesti mulher, pensa bem, Diocleciana é um nome que não se esquece.
- Sim, ainda mais que preciso sempre ficar repetindo. Eu nunca tenho o prazer de ser compreendida de imediato quando respondo meu nome. É sempre seguido de Han?
- É porque você não fala direito querida. Você precisa valorizar cada sílaba, dar uma chiada em algum ponto ou uma abertura entende, Dioclexxiana.
- Ora pelo amor de Deus, Dioclexxiana é muito pior.
-Então, chegamos num concenso, consulta encerrada.
- Mas isso não pode ficar assim!
- Assim como? Quer mudar de nome muda, mas vai ser um saco porque sempre vai ter dois ou mais nomes. Você não pode por exemplo mudar o nome para Ana Paula, olhando pra você ninguém acreditaria em Ana Paula, ainda se fosse Diorigenes. Laura Diorigenes seria interessante.
- Mas eu não quero mudar de nome.
- Não?
- Não.




Adeus, viúva morta

Viúva morta, segue de preto cabelo escovado passa água de colônia passa batom vermelho ou violeta viúva morta, eu não te amo viúva m...