A ação chocante moveu o texto, o Teatro dos Extremos resolveu encenar, comemos todos pastel de carne humana. Fiquei muito... vamos dizer, satisfeita -porque feliz seria uma palavra leviana- que não tivesse aplausos nos final, quero dizer, aplausos imediatos. Antes ficou aquele silêncio. Adoro o silêncio de uma platéia inteira ao fim de uma peça. Ele é preenchido de significados, estava todo mundo muito engasgado para ficar aplaudindo feito bobos. Ainda mais quando o tema é extremo, quando a ação é indigesta, quando a gente fica mesmo embasbacado com nós mesmos, conosco, os humanos. Posso usar a palavra feliz para as soluções da direção, vi um espetáculo maduro, com atrizes competentes, um bom texto, contemporâneo nas suas não-transições e, excluídos os descontos de uma estréia e coisa e tal, saí de lá muito tranqüila quanto ao rumo do espetáculo daqui pra frente, pois o processo sei, nunca termina. Indico, acho válido, é teatro bem executado.
Poesia do dia: As Engrenagens, com o Teatro dos Extremos.
Peripécia do dia: pegar carona com desconhecido-conhecido só pra não descer ladeira totally alone.