terça-feira, 21 de julho de 2009

Eu não sabia que a gente estava jogando o jogo do olho

Pós Festival Chaplin, a peça Adubo duas vezes , o Bebê de Rosemary e um francês très romantique venho ao vosso reino tecer os comentários e considerações.
O Chaplin era mesmo incrível, vi uma série com vários curtas e um longa muito engraçado: O Garoto. Vale a pena se for de tarde e você quiser uma coisa leve. Na minha opinião ver um clássico sempre melhora nossa alma. Se bem que emendando com outro filme " O Bebê de Rosemary" não sei se essa máxima se aplica sem excessões. Eu tive pesadelos horríveis e claro o filme passa péssimas e infundadas informações sobre a bruxaria e ajuda a manter o mito de que bruxaria tem alguma coisa a ver com culto ao demônio. Mas vale ver porque tem umas sacadas de direção incríveis e bem, prende a atenção enquanto filme de suspense. Mas eu sou simpática a religião da natureza, conhecida como bruxaria e que não tem nada a ver com culto ao demônio, e foi tudo distorcido pelo filme inclusive nas citações de rituais antigos, então, sei lá, prefiro ver o Chaplin.
A peça Adubo foi uma das experiências mais interessantes que eu já tive no teatro, comparável só com Alice do grupo Armazém, em que o teto descia pra dar a impressão que a gente aumentava de tamanho junto com a Alice. E nisso sou supeita de comparar pois amo a história de Alice mais do que sorvete de chocolate. Agora Adubo fala sobre a morte e sobre Deus e o homem. Então eles já arrasam no assunto, que interessa a qualquer ser humano, independente de qualquer crença ou coisa que o valha e pra completar os caras fazem teatro bem pra caralho! Teatro no melhor sentido da palavra, que te arrepia, que no final você fica aplaudindo por muito tempo porque partilhou de uma experiência em conjunto. E há uma ovação real, ( não aquela que as pessoas fazem polidamente por uma espécie de consenso hipócrita) e dá orgulho de ser colega de profissão de gente assim. E tenho dito.

Peripécia do dia: fofocar pra vocês que a frase de título é do francês. Kiakiakia.

Poesia do dia: minhaminhaminha

Hoje um homem me lembrou meu pai

Hoje ele chegou e pediu uma coisa simples, rápida
mas não sei porque

demorou
demorou

e ele ficou mais tempo que o de costume
e desandou a chorar
tinha uns cinquenta e cinco
tomava remédios
o médico disse que ele era bipolar
-sou do tempo que homem não podia chorar
meu irmão sempre chorava
uma vez eu chorei numa discussão de trabalho
sabe o que fizeram comigo?
me demitiram-
e chorou mais
depois riu
prefiria coisas que não eram sinceras mas lhe davam prazer
do que coisas sinceras que não lhe davam
depois ficou triste
as mulheres são sinceras
o homem mente
principalmente se a mulher for muito bonita
olhou pra baixo
chorou
esse fim de semana é dia dos pais
-sim, eles vem
as vezes a gente tá super feliz e começa a chorar
eu choro.
sorriu


ele era meu pai numa noite antiga
chorando, me abraçando e falando:
Filha, a gente nunca deve ter vergonha de chorar!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A potência de Moliére

Hoje vi o filme "As Aventuras de Moliére" que conta um pouco da época em que ele escreveu Tartufo. Lembrei do Arnaldo- professor de literatura dramática da Cal -dizendo: Moliére foi pobre, preso por dívidas, depois saiu pela França com sua trupe encenando farsas, até ficar famoso com suas comédias. Emendou com o workshop de vídeo que estou fazendo com o Amâncio onde hoje fui para o paredão e ele me disse" Você não tem convicção. Você tem brilho nos dois lados, mas eu te vejo fugindo do brilho."
Aqui pensando com meus botões, eu não vou nem pra agressividade verdadeira, nem para a fragilidade total porque não fiz até hoje a escolha, eu ainda não dei meu pulo, eu vivo no meio termo, onde não se fracassa, nem se tem sucesso. O lugar da medíocridade. Eu tenho um medo desgraçado de fracassar. Eu tive coragem para vir ou eu tive medo de ficar? No fim dá tudo no mesmo. A potência de Moliére apareceu porque ele se revelou. Escolheu a profissão de representar "que é da ordem da sensibilidade e não das aparências". Ser artista é uma sentença. Não tem que ser legal.
Peripécia do dia: Moliére pergunta para sua amada " Como vou fazer rir com o que me faz chorar? Esse gênero de comédia não existe" " Pois então, invente-o" .

Poesia do dia: minha

Peripécia e Poesia

Eu continuo vendo?
Dizem que meus olhos não brilham mais
Onde foi que eu perdi o brilho?
Foi quando eu me perdi no quê?
A trajetória de cada um é de acordo com sua ambição
Sua ambição é grande?
Parece que ter ambição é pecado
Não pode ser uma coisa boa?
Não pode ser divino ser ambicioso? O mais ambicioso de todos não foi Deus?
I speak inglish
O que eu lamento?
Eu amo cinema
Eu amo filmes
Eu não gosto deles- eu os amo
Sou da sociedade do espetáculo
A imagem que nega a realidade e cria outra para si
O artista existe recriando a realidade
Pois o que todos ambicionam secretamente é ser Deus
Um médico
aquele que retarda
Aquele que diz o que é a lei
Um juiz que decide a vida de alguém
Uma mulher com A
Não se dê tanta importância
Seu temperamento aparece
E daí?
Eu não sou uma azeitona
Meu temperamento aparece
As divas eram todas temperamentais
Todas elas
Me mostre uma diva leve
E te mostrarei que ela nunca foi diva
Di-va
Deusa
Eu não ligo pra reforma ortográfica
Neste ponto sou absolutamente velha
Não me interessa escrever diferente
Are you in?

Adeus, viúva morta

Viúva morta, segue de preto cabelo escovado passa água de colônia passa batom vermelho ou violeta viúva morta, eu não te amo viúva m...