segunda-feira, 1 de março de 2010

O que você quer

Você precisa decidir sobre o que você quer, eles dizem. E dizem e dizem. O mundo está acabando mesmo, fisicamente, o mundo está fisicamente acabado, vamos deixar de ser matéria? Eu não sei o que é melhor pra mim. Algumas vezes eu acho que sei, mas aí acontece de ficar sem dinheiro nenhum e as implicações que isso traz. Pensei o Brasil está lidando com a crise agora, quando o setor de classe média emergente volta a ser pobre e os pobres passam a se unir aos miseráveis. Quando médicos passam o parto brigando por seus egos e bêbes morrem. Mudo de idéia toda hora sobre a minha vida com sonhos românticos. Hoje na França, ontem no Chile, Portugal. Isso está influenciando nossa vontade de fazer de nossas vidas menos que uma merda. Hoje eu preciso estudar pra virar escrava e sobreviver, mas e quando você quer viver? Como é que você faz? Navegar é preciso, viver não é preciso? Nunca entendi muito essa frase, como navegar poderia ser mais importante que viver mesmo no sentido metafórico da coisa? Eu gostaria de ter uma vida tranquila. Não precisar de grandes prêmios, mas de grandes momentos de mim, e de natureza. Por isso o Rio é bom, porque tem refúgios de natureza. Mas acho que quando o mar invadir por aqui vai se acabar tudo. O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão. Hoje estou cheia de frases feitas cotidianas de poeta. Faço qualquer coisa pra não estudar direito, é impressionante, até estudo outras coisas. Acho que vou morrer. Quis acessar a tristeza e li Augusto do Anjos, acessei mesmo, é um canal de tristeza aquele poeta. Como Allysson dos Anjos é um canal com a melancolia. E com a música também, a que abriu as portas pra mim. Não fique com raiva da mamãe não que ela está lhe falando a realidade. E falou com aquele tonzinho cínico, emendado com uma tentativa de amenizar a raiva. Audácia da carrapeta. Você precisa decidir o que você quer, disse o meu pai. E eu pensei nos Engenheiros do Havaí.

Peripécia de hoje: lidar com o fim do mundo e a continuidade absurda de suas inesgotáveis questões sociais.

Poesia de hoje: pintar uma mão, ouvir quatro músicas.


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