Fragmento.ponto.alma
Pequeno Conto do Desejo
Encostou-se a ele inteiro na porta, cada desejo do seu corpo derretendo em bolinhas de suor. Tomou ácido com a língua e depois recebeu dos lábios dele o selo da dor. Ele a conduziu delicadamente pela sala no meio dos abutres e a protegeu de longe. Ela sentiu as próprias pernas macias e escorregou pelo colo dele e os cheiros e sabores pareciam concentrar-se exatamente ali. Dentro do abraço dele, feito uma criança indefesa protegida por aquele tão louco quanto ela, finalmente um mais forte que ela. O ácido a fez ver o desejo cheio de maciez. Quando o beijo veio novamente, eles tocaram as línguas e o abismo se abriu convidativo. De olhos fechados se viu caindo em espuma grossa e fofa, mas havia um grito de dor. “Não, eu não posso”, ela disse muito mais pra si do que para ele e fugiu.
Noite de setembro-tédio, domingo parado, sem violão. 2006.
Muitos minutos de leitura blog adentro e pronto: atualizei-me de ti!
ResponderExcluirFeliz com essa sua decisão, lerei cada fragmento postado, pois que a coragem é a poesia e a peripécia do dia, ao mesmo tempo.
Um beijo, com abraço e rodopio! =)